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Neurofeedback como intervenção terapêutica na fibromialgia

Writer's picture: Milton LopesMilton Lopes

A fibromialgia foi reconhecida pela primeira vez na década de 1980 pelo Colégio Americano de Reumatologia. O termo “fibromialgia” deriva do latim "fibro", que se refere aos tecidos fibrosos (como tendões e ligamentos), a palavra grega "mio", que significa músculo, e "algia", que significa dor.


A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por:


  • Dor musculoesquelética generalizada: a dor associada à fibromialgia geralmente é descrita como uma dor surda constante que dura pelo menos três meses. Para ser considerada generalizada, a dor deve ocorrer em ambos os lados do corpo e acima e abaixo da cintura;

  • Fadiga: pessoas com fibromialgia frequentemente acordam cansadas, mesmo tendo dormido por longos períodos. O sono é frequentemente interrompido por dor;

  • Problemas de memória;

  • Humor comprometido;

  • Dificuldades cognitivas: um sintoma comumente referido como "fibro fog", que prejudica a capacidade de focar, prestar atenção e concentrar-se em tarefas mentais;

  • Distúrbios do sono: muitos pacientes com fibromialgia têm outros distúrbios do sono, como a síndrome das pernas inquietas e apneia do sono;

  • Dores de cabeça;

  • Depressão;

  • Ansiedade: estudos mostram que cerca de 30% a 50% das pessoas com  fibromialgia também sofrem de depressão ou ansiedade;

  • Problemas digestivos: como a síndrome do intestino irritável;

  • Aumento da circulação sanguínea no cíngulo anterior: estudos de imagem, como a ressonância magnética funcional, indicam um aumento da atividade nesta região do cérebro em pacientes com fibromialgia (Gracely et al., 2002; Cook et al., 2004).


As pesquisas sugerem que a fibromialgia amplifica as sensações dolorosas ao afetar a forma como o cérebro processa os sinais de dor (Wolfe et al., 1990).


O Neurofeedback


É uma técnica que utiliza dispositivos para medir a atividade cerebral e fornecer feedback em tempo real, ajudando a pessoa a aprender a autorregular suas ondas cerebrais, promovendo um estado de melhor controle emocional que permite aos pacientes autorregularem parâmetros da atividade cortical, como amplitude, frequência de ondas cerebrais, através de feedback visual ou auditivo (Mueller et al., 2001; Kayıran et al., 2010).

Tem sido explorado como um tratamento complementar para fibromialgia, mostrando-se promissor no manejo da fibromialgia, atuando através de vários mecanismos, tais como a redução dos níveis do estresse, da ansiedade, da depressão, melhora do sono e equilibrando outros mecanismos que contribuem para a percepção exagerada da dor.

Estudos apontam que a hiperexcitabilidade do sistema nervoso central é um fator-chave na cronificação da dor (Terrasa et al., 2020). Alterações na conectividade funcional em regiões somatossensoriais e motoras são frequentemente observadas.


Fibromialgia e Depressão



A relação entre fibromialgia e depressão é altamente interconectada, com estudos mostrando que até 74% dos pacientes com fibromialgia experimentam episódios de depressão em algum momento, e 30% já apresentam depressão maior no momento do diagnóstico (Van Houdenhove et al., 2021; Wiffen et al., 2021).



Essa coexistência indica que ambas as condições compartilham mecanismos subjacentes relacionados à sensibilização central e disfunções do sistema nervoso central.


Sono e Fibromialgia


A relação entre distúrbios do sono e fibromialgia é clara, pois a má qualidade do sono agrava tanto a dor quanto os sintomas emocionais, como a depressão. A interrupção do sono pode aumentar a percepção da dor e criar um ciclo vicioso, em que os sintomas de fibromialgia pioram. A melhora no sono pode ser uma estratégia importante para o tratamento da doença (Häuser, W., et al., 2013).


A falta de sono restaurador pode agravar os sintomas da fibromialgia, como dor generalizada e cansaço, além de influenciar negativamente a percepção da dor, tornando-a mais intensa. Cerca de 70% dos pacientes com fibromialgia apresentam dificuldades relacionadas ao sono, como insônia, sugerindo uma relação bidirecional: a dor piora com a falta de sono e, por sua vez, a privação de sono pode aumentar a dor. Além disso, os problemas de sono são frequentemente associados à ansiedade e estresse, que podem ser agravantes ou até mesmo gatilhos para o aparecimento da fibromialgia (Branco et al., 2010; Madsen et al., 2014).



Relação entre Estresse e Fibromialgia


O estresse psicológico pode piorar a fibromialgia, pois afeta o sistema neuroendócrino e aumenta a sensibilidade à dor. A modulação do estresse e manejo emocional, pode ser útil para reduzir os sintomas da fibromialgia e melhorar o bem-estar dos pacientes (Houde, B. et al., 2008). Além disso, os problemas de sono são frequentemente associados à ansiedade e estresse, que podem ser agravantes ou até mesmo gatilhos para o aparecimento da fibromialgia (Branco et al., 2010; Madsen et al., 2014).


Causas e Fatores de Risco


As causas exatas da fibromialgia são desconhecidas. No entanto, vários fatores podem estar envolvidos:


  • Genética: A fibromialgia tende a ser hereditária. Certas mutações genéticas podem tornar uma pessoa mais suscetível ao desenvolvimento da doença.

  • Infecções: Algumas doenças parecem desencadear ou agravar a fibromialgia.

  • Trauma físico ou emocional: A fibromialgia pode às vezes ser desencadeada por um trauma físico, como um acidente de carro, ou estresse psicológico significativo.


Mecanismos de Ação do Neurofeedback


  • Treinamento do Ritmo Sensório-Motor (SMR): Tem como objetivo melhorar o controle motor e reduzir a fadiga.

  • Modulação de Conectividade Funcional: Aumenta a conectividade entre o córtex motor primário, somatossensorial e outras regiões relacionadas ao processamento da dor (Terrasa et al., 2020; Kayıran et al., 2010).

  • Redução da Sensibilização Central: Diminui frequências lentas (delta e teta) e modula a relação teta/SMR (Mueller et al., 2001; Kayıran et al., 2010).


Alguns estudos, contribuições Científicas e Resultados Clínicos


Mueller et al. (2001): Primeiros achados sobre a capacidade do neurofeedback de reduzir amplitudes delta e teta, correlacionando com redução de sintomas de dor e fadiga.


Terrasa et al. (2020): Redução de sintomas de ansiedade e depressão (Kayıran et al., 2010).


Terrasa et al. (2020): O treinamento do ritmo sensório-motor (SMR), tem demonstrado potencial terapêutico tanto na fibromialgia quanto na depressão com Redução de mais de 40% na intensidade da dor em participantes capazes de regular o SMR.


Terrasa et al. (2020); Kayıran et al. (2010): Em pacientes com fibromialgia, o neurofeedback ajuda a reduzir a dor e melhora a conectividade funcional entre regiões motoras e somatossensoriais.


Kayıran et al. (2010); Terrasa et al. (2020): Melhorias em dimensões como dor, vitalidade e percepção geral de saúde (SF-36).


Kayıran et al. (2010): Demonstraram que o treinamento de SMR melhora mecanismos inibitórios talamocorticais e reduz a relação teta/SMR.


Terrasa et al. (2020): Identificaram aumento na conectividade funcional de regiões somatossensoriais e motoras, juntamente com alívio significativo.


Craig (2003): Propôs que a dor difusa em condições como a fibromialgia resulta de amplificação central, e intervenções que reduzam essa amplificação podem beneficiar os pacientes.


Sarnthein et al. (2006): Sugeriram que padrões de baixa frequência estão relacionados à conectividade disfuncional em condições de dor crônica.


Harris et al. (2009): Observaram que intervenções baseadas no SNC podem diminuir a sensibilidade periférica associada a dores crônicas.


Napadow et al. (2012): Destacaram que intervenções não farmacológicas, como o neurofeedback e a estimulação cerebral, reduzem a necessidade de medicamentos para controle da dor.


Jensen et al. (2013): Destacaram que terapias baseadas em modulação cerebral podem aliviar dores crônicas e melhorar a função cognitiva por meio da normalização da atividade neural.


Friston (2010): Explicou que a plasticidade neural é fundamental para manter os ganhos terapêuticos em condições como a fibromialgia.


Jensen et al. (2013): Também associaram intervenções baseadas em EEG a melhorias na percepção da dor e no humor, reforçando o potencial terapêutico em condições crônicas como a fibromialgia.


Sarnthein et al. (2006): O neurofeedback atua diretamente no sistema nervoso central (SNC), normalizando padrões cerebrais associados à amplificação da dor. Isso reduz a percepção de dor difusa e torna os sintomas mais gerenciáveis.

Harris et al., (2009): A redução de frequências anormais (como delta, teta e alfa) no EEG está correlacionada com melhorias na conectividade neural e na autorregulação emocional, um aspecto crítico para pacientes que lidam com estresse e ansiedade concomitantes à fibromialgia.


Napadow et al. (2012): A diminuição no consumo de analgésicos e anti-inflamatórios, observada em pacientes tratados com neurofeedback, reduz os efeitos colaterais associados a medicamentos de longo prazo e promove uma abordagem mais natural e sustentável.


Arnold et al. (2008): Melhorias na cognição, humor e qualidade do sono permitem que pacientes retomem atividades diárias, incluindo reintegração ao trabalho e à vida social, fortalecendo sua autonomia e autoestima.


Friston (2010): Benefícios mantidos por até 8 meses após o término da terapia sugerem que o neurofeedback promove mudanças duradouras na plasticidade cerebral, potencialmente reduzindo a necessidade de tratamentos frequentes.


Silva et al. (2022): O neurofeedback tem se mostrado uma abordagem promissora para melhorar a qualidade do sono em pacientes com fibromialgia. Estudos indicam que, ao normalizar padrões de ondas cerebrais, essa técnica pode contribuir para o alívio dos sintomas relacionados à dor e melhorar os ciclos de sono, promovendo uma melhor recuperação física e mental. Por exemplo, uma revisão integrativa publicada no Brazilian Journal of Health Review destacou o potencial do neurofeedback como intervenção terapêutica, minimizando os impactos negativos na qualidade de vida desses pacientes, incluindo melhorias no sono.


Hammond (2005): Destacou que o treinamento SMR (12-15 Hz) no córtex motor primário e reduzir frequências teta < 7 Hz pode ajudar na regulação emocional e melhorar o humor em pacientes com depressão.


Rosenfeld et al. (1995) e Harmon-Jones et al. (2010) demonstraram que equilibrar a assimetria alfa no lobo frontal melhora significativamente o processamento emocional e os sintomas de depressão.


Peniston e Kulkosky (1990) mostraram que o treinamento Alfa/Theta nas regiões ocipitais e temporais com olhos fechados, reduziu significativamente os sintomas de depressão em pacientes com dependência de álcool, sendo adaptado para outros transtornos emocionais.


Wang et al. (2019): Relataram que o aumento da conectividade theta contribui para a redução de sintomas depressivos e melhora na regulação emocional.


Whitfield-Gabrieli e Ford (2012): Mostraram que a modulação da Rede de modo padrão (DMN) por meio de neurofeedback pode aliviar sintomas depressivos e melhorar o foco.


Mueller et al. (2001): Reduziu as frequências lentas (delta e teta) e moderou as amplitudes alfa, correlacionando-se com melhorias nos sintomas de fibromialgia, como redução da dor, melhora no sono, humor e funções cognitivas, sugerindo impacto positivo na disfunção do sistema nervoso central.


Kayıran et al. (2007): Apresentou resultados relevantes sobre o uso de neurofeedback (NFB) em pacientes com fibromialgia, destacando: redução de Ondas Teta e Aumento do SMR. O treinamento com ritmo sensório-motor mostrou aumento na amplitude do SMR e redução na atividade de ondas teta. Essas mudanças indicam uma melhora nos mecanismos inibitórios talamocorticais, frequentemente comprometidos na fibromialgia.


O estudo de Nelson et al. (2010) sobre fibromialgia destacou os seguintes achados principais:


  • Melhora nos sintomas como dor, fadiga e distúrbios do sono: o tratamento reduziu significativamente as amplitudes das ondas delta e teta.


  • Melhoria da Função Cognitiva: alterações na atividade do EEG também foram associadas à redução de sintomas de "névoa cerebral", como dificuldades de concentração e memória, comuns em pacientes com fibromialgia.


  • Impacto positivo no humor e bem-estar geral: os participantes relataram melhoria no humor, redução da ansiedade e maior clareza mental após o tratamento.




Diagnóstico


Diagnosticar a fibromialgia pode ser um desafio, pois os sintomas são semelhantes a outras condições. Não há testes laboratoriais específicos para confirmar o diagnóstico. Por isso, os médicos geralmente recorrem a exames de sangue e outros exames para descartar outras causas possíveis.


Critérios de Diagnóstico


Para um diagnóstico de fibromialgia, os critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia incluem:


  • Dor generalizada em pelo menos quatro das cinco regiões do corpo;

  • Intensidade dos sintomas acima de um nível específico;

  • Sintomas presentes por pelo menos três meses.


Tratamento e Manejo


Embora não haja cura para a fibromialgia, uma variedade de tratamentos pode ajudar a controlar os sintomas:


  • Medicamentos: analgésicos, antidepressivos e medicamentos anticonvulsivantes são comumente prescritos para aliviar a dor e melhorar o sono;

  • Terapia: a fisioterapia pode melhorar a força muscular e aliviar a dor. Terapias como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) também podem ser benéficas;

  • Estilo de vida: exercício regular, técnicas de redução de estresse e uma dieta saudável podem ter um impacto positivo significativo.


Autocuidado


A educação sobre a fibromialgia e o autocuidado são componentes essenciais no manejo da doença. Participar de grupos de suporte e manter um diário de sintomas pode ajudar os pacientes a gerenciar melhor a sua condição.


Potencial Transformador


A integração do neurofeedback em protocolos terapêuticos para fibromialgia representa uma evolução no manejo dessa condição. Ao abordar diretamente os mecanismos centrais que perpetuam os sintomas, o neurofeedback oferece uma abordagem holística e centrada no paciente. Além disso, sua capacidade de reduzir a carga de medicamentos e promover melhorias funcionais e emocionais amplia as opções terapêuticas para uma condição tão desafiadora.



Conclusão


A fibromialgia é uma condição complexa e debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Compreender a doença e implementar um plano de tratamento abrangente pode ajudar os pacientes a melhorar sua qualidade de vida e a gerenciar seus sintomas de maneira eficaz. Com base nos resultados promissores dos estudos, o Neurofeedback é uma ferramenta poderosa que pode oferecer uma abordagem inovadora baseada em evidências para abordar os desafios multifacetados dessa condição crônica. Quando integrada à estratégias multidisciplinares, pode transformar a forma como tratamos a fibromialgia, trazendo alívio, funcionalidade e esperança para milhões de pacientes. Estudos, como os discutidos, demonstram que o Neurofeedback tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, proporcionando benefícios que vão além do alívio dos sintomas imediatos.



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